sábado, 2 de agosto de 2008

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Tem um quadro à minha direita. Ele olha pra mim, de boina, pálido, de olheiras, apesar de jovial enquanto tecla numa máquina arcaica de escrever. E pensa: "o tempo passa, que nem no relógio que tá aqui do meu lado". Eu te digo, meu caro: passa, passa, passa. E ele vai te chicotear... não tem plástica que vai curar suas cicatrizes. Cicatrizes são necessárias. Todos têm algumas... interiores, exteriores, tegumentares ou cerebrais. Ele não se preocupa com o tempo que há pela sua frente, na flor dos seus seis anos de idade.

Atrás de mim, uma garota de cabelos castanhos numa foto sorri, apesar de possuir um lado podre e corrompido, que nos dias atuais substituiu esse sentimento pela luz do amor. Só que esse amor aparenta doer mais do que o sofrimento que a solidão lhe causava. Eu digo pra ela: "a recompensa chegará... falta pouco." Eu sou a luz dela, a mesma luz que a faz sentir frio, sentir trevas quando estou distante dela.

Tem uma foto do meu lado. Ela olha pra mim profundamente... apresentando seu sorriso cínico, amarelo... "é meu chapa". Ele não fazia idéia do que há em sua vida pela frente. Agora faz, até demais. Eu digo a ele: "não é o fim do mundo. mas pode vir a ser. watch out."

Virando pelo corredor, à direita e à direita novamente, tem pessoas confusas, difusas, obstrúidas pela gordura e frustração em suas veias, que não sabem mais no que pensar, no que apostar. Quem sente o peso do metabolismo desacelerado, do couro escorraçado de Sol, da glicose não digerida, do colesterol alto sou eu.

22ºC. 20:10.

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