segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Para aprender com o desnome das coisas, é preciso:

- entupir os nomes com resíduos de folhas, até que adquiram consistência de musgo;

- delirar a cor de uma planta, a tarde, com a voz de uma cigarra;

- ouvir do silêncio espesso de uma pedra que a terra não pensa o que é;

- sentar-se ao pé de uma árvore e ver que o sentido oculto de dar frutos talvez seja não pensar em como ocorre tê-los;

- notar que mosquitos carregam o mais pequeno na companhia do que existe;

- ver, nos olhos de uma vaca, que sensações não ruminam, não são rebanhos e não pastam (mas se inspiram na natureza da relva);

- perceber que chão para coruja é medida profilática;

- notar que lagartos preferem atravessar os silêncios das paredes depois de meio-dia;

- sentir que o frescor do vento não traz notícias, mas as desloca do lugar de onde estiveram;

- degustar de uma noite seu essencial, sem abrí-la com faca.

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