segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Nada especial...

"Well, move along people... There's nothing to see (or read) here..."



Featuring:
Edouard Manet. The Balcony. 1868. Oil on canvas. Musée d'Orsay, Paris, France.
René Magritte. Perspective II: Manet's Balcony. 1950. Oil on canvas. 81 x 60 cm. Museum van Hedendaagse Kunst, Ghent, Belgium.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ode ao verme


Evite verme

Evite ver me

E vi te ver me

E vi te verme

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Para aprender com o desnome das coisas, é preciso:

- entupir os nomes com resíduos de folhas, até que adquiram consistência de musgo;

- delirar a cor de uma planta, a tarde, com a voz de uma cigarra;

- ouvir do silêncio espesso de uma pedra que a terra não pensa o que é;

- sentar-se ao pé de uma árvore e ver que o sentido oculto de dar frutos talvez seja não pensar em como ocorre tê-los;

- notar que mosquitos carregam o mais pequeno na companhia do que existe;

- ver, nos olhos de uma vaca, que sensações não ruminam, não são rebanhos e não pastam (mas se inspiram na natureza da relva);

- perceber que chão para coruja é medida profilática;

- notar que lagartos preferem atravessar os silêncios das paredes depois de meio-dia;

- sentir que o frescor do vento não traz notícias, mas as desloca do lugar de onde estiveram;

- degustar de uma noite seu essencial, sem abrí-la com faca.

sábado, 2 de agosto de 2008

...

Tem um quadro à minha direita. Ele olha pra mim, de boina, pálido, de olheiras, apesar de jovial enquanto tecla numa máquina arcaica de escrever. E pensa: "o tempo passa, que nem no relógio que tá aqui do meu lado". Eu te digo, meu caro: passa, passa, passa. E ele vai te chicotear... não tem plástica que vai curar suas cicatrizes. Cicatrizes são necessárias. Todos têm algumas... interiores, exteriores, tegumentares ou cerebrais. Ele não se preocupa com o tempo que há pela sua frente, na flor dos seus seis anos de idade.

Atrás de mim, uma garota de cabelos castanhos numa foto sorri, apesar de possuir um lado podre e corrompido, que nos dias atuais substituiu esse sentimento pela luz do amor. Só que esse amor aparenta doer mais do que o sofrimento que a solidão lhe causava. Eu digo pra ela: "a recompensa chegará... falta pouco." Eu sou a luz dela, a mesma luz que a faz sentir frio, sentir trevas quando estou distante dela.

Tem uma foto do meu lado. Ela olha pra mim profundamente... apresentando seu sorriso cínico, amarelo... "é meu chapa". Ele não fazia idéia do que há em sua vida pela frente. Agora faz, até demais. Eu digo a ele: "não é o fim do mundo. mas pode vir a ser. watch out."

Virando pelo corredor, à direita e à direita novamente, tem pessoas confusas, difusas, obstrúidas pela gordura e frustração em suas veias, que não sabem mais no que pensar, no que apostar. Quem sente o peso do metabolismo desacelerado, do couro escorraçado de Sol, da glicose não digerida, do colesterol alto sou eu.

22ºC. 20:10.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Desarranjo em superfícies

OBSERVEM! Olhem para. Olhem, para. Estão próximos, assim podem observar detalhes. Cor, linha, desaprumo, maneira – se desenham. Bem próximos. Tom: quase sombra. Dobra, textura, pele, relevos, sulcos, modo, tecido, ajuste desprende (ossatura).

Distantes linhas mestras desta face: testa emoldurada, continuidade, curva descendente, sobrancelhas. Pescoço:encaixe ao traçado oval – maxilares. Discernir o jogo (arcos, ângulos, articulações entre as partes, volumes).

Alternar os movimentos – quem está perto, se afasta, quem está longe, se acerca; Olhos-móveis: veículos leves, deslocamentos deixados livres, soltos no ar.



(Aproximem! Aproximem-se... mais um pouco...)





Meu rosto: olhares o perscrutam. Minúcia. Prossigam...

...este rosto, ampliado ao extremo, decomposto, convertido em pontos, infinitamente divisíveis – pixels borrados.no hay sino borradores


(Agora, comecem a se afastar... vagarosamente...)


Granulações vão se formando, rugosidades se aplainando. Superfícies. Contornos cedem lugar; Um contorno principal: forma simples, uniforme.


(O rosto – um único ponto) .



Agora, um pouco de oscilação. Oscilar a proximidade, a distância (um ritmo lento); alterem-no. Acelerem! Acelerem mais ainda!!!

– Projetem, com vigor, em minha direção...

–...os façam recuar, para trás... numa distância imponderável...


- O efeito da oscilação? Meu rosto ganha uma realidade extrema – compacta substância, concretude incontornável. Tempo elástico, que perde a espessura (formas impermanentes se dispersam)...


(...o semblante parece vívido)

A força de sua presença – um rosto rigorosamente impalpável, mero feixe de linhas, que se conjugam e se contrastam. Simular profundidade (dizem...): luminosidade.

Volume e textura: qualidades, gradações do branco ao preto (um jogo elementar, jogo de cinzas).

– Neste momento, rosto nenhum! Somente voz... (e esta voz, não exprime); não diz – somente gira (como um eixo), um centro que ela desconhece como se a imantasse.


...voz que fala à revelia de si...
apenas soa...
...como murmúrio
grunhido
(balbucio)


Estrangeira, desconhecida, inexistente, imaginária. Não é língua (não tem unidade). Escreve, não escreve, aquela... e aquela... ausência.



– Rosto nenhum deixa de ver oscilações.


Proximidade total, desagregadora. Distância: um ponto, marca hipotética, de todo livre.



...reverberações
...vibrações
sonoras...

Espaço?!


O espaço!?


Este espaço...



...forma irrecusável. Silêncio;


>MAIOR<menor (impureza) – ruído: enlevo e desagravo presenteiam em me ameaçam. Minha voz – errante, fora de si mesma, eco convertido que modela e realça o silêncio (operação rítmica); impressão ilusória intensa. Silêncio viável. Risco, som: luta! Instante dissipado, consumido. Ausência (espaço, este é inóspito).

– Aqui! Entre... incerto, olhos flutuantes... se estende um deserto – vastidão vazia que desliza. Imaginar: um ente espacial se move, pulsa, sustenta e esmaga.

Aqui.
– Vocês ouvem?
...nem ouvem.
– Ouvir? O que, ele?

A voz?

...há mobilidade (possibilidade de delocamento): outros espaços – Um lugar sem lugar. Abrigo. Material: um longo cobertor estendido (...um telhado). Intempéries afastam o abismo, limites se deixam conhecer (este, se insinua...).

...ressonâncias do espaço – indissociáveis do espaço (um cosmo).


Outro lado: matéria e forma – em choque. Domesticação. Paisagem? Irrealidade esquiva.

Massa corpórea: compacto composto, partículas pesadas, densidade em linhas identificáveis; Um arranjo (expectativas dos sentidos).

Dunas, oceano, firmamento: o deserto – tudo, o silêncio... Desmancham, reconhecíveis. Espaço insurrecto: indeterminação informe. Convenções circunscritivas, um canal: mediações?

Segundo plano: percepção perspectiva e instabilidade. Mutáveis, acidentais. Corpo, mente, mundo (prisma perceptivo) – dimensões elementares, miragem orgânica. Mutação... Natureza: campo de possibilidades; Um lugar – um trajeto. Descorporifica nessa direção proximidades e distâncias, vetores. Desordem... silêncio; Um arranjo: disposição reversível, relacional. Território – contingência.

Intervalos, desvios, disjunções, desencaixes, estruturações, dissipação: propulsão (movimento oscilatório).


...deriva...


Um rosto trivial, insignificante – um semblante sem qualquer potência: meu domínio de penúria, espaço de escape. Foragido, esboço um rosto de pedra (tagarela), esgarçado e plástico de coloratura instável, ambivalente, sombra. – Olhem! É pedra e é sombra. Atenção, é marca e apagamento – em breve, em poucos instantes, silêncio.

sábado, 28 de junho de 2008

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Há Como Estar (HCE)

senfim e meios, descomeço; Se tirarmos da noite o infinito, temos céu da boca? Talvez se sêsse de notar que mosquitos carregam o mais pequeno na companhia do que existe

ser tão comum enfim começa a caminhar com o sol minguando a lida dos dias; Correndo heras conta o pouco da fortuna miserável dos outros, que não ele mesmo; assim veio Ninguém para casa, dizendo o descaminho de contar, a convite de alguém, o desnome dos banquetes que, ora em caverna, hora em ilha, um caolho de malícia não si percebeu do perigoso Ninguém e nhac! virou presa do impróprio de jantar.

(mas môsss, se fazer cidade pra aproximar fosse algo bom, não se juntava cumpadre para contar como cofrinho, se vendia em arroba, logo...)

Se sagaranhas tecem por travessias de terceiras margens? acho que por entremeios, não sendo direita ou esquerda, mas em corpo mesmo, rivero donde veredas se hardemonhizam sem corromper de todo o sensível; mapra-lá!? Mas môsss, in-fância não precisa usar os óculos de ferro e vidro de senhor douto pra ver simples por não carecer de fecho — menos inda de distância. Entre pensar e poder, ela se ave

E como?! Uai, dum bem de estar com gente tão estranha como nós e aceitar, de bom arado, o convite do morro enviado (aprender ouvir do silêncio espesso de uma pedra que a terra não pensa o que é, mas acontece em seu simples), e a passar ser-tão, enfim, com uns... e, de todos, com os ninguéns que correm o mundo (s)em margens

pois, há como estar, senfim, nonada


(nisso pousa num machado um canário, que ouve uma conversa)

— Olhem! É pedra e é sombra. Disse alguém
— Que nada, é só o mundo passando. Disse o outro
— O mundo? (disse o canário) O que se sabe do mundo!? O que vocês dizem?! Ha! O mundo, ah, o mundo, para vocês, do mundo, só sobrou um punhado de ilusão e mentira, tanto que estão a olhar um canário falar sobre o que pensa do mundo...

...e assim voou o canário pra fora da página

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Here Comes Everybode (HCE)

Hommage a James Juice Joyce

Talvez fosse pretensão demais que... talvez fosse pretensão que... talvez demais... talvez que fossemos... Entre o não se posso e o queira, houve um começo. Mas parecia extenso demais: paisagem em lista quase representável – punção de grafia indecifrável.

Muitos dedos, poucos corpos, muitas notas, nenhuma música ou retorno — diversão havia, mesmo se não houvesse a formalização equivocada, tabela-self-service- estruturada-geneticamente-arrajanda-com-deliciosos-flocos-crocantes-cobertos-com pernicioso-chocolate (se vê), a resmungar como se uma casa sem fiação elétrica: caverna pisca-olho que queria ser um arquipélago (uma ilha não, mas, se fosse “a”, talvez, talvez, talvez, cogita).

...e,

General Freud encontra Tolkien (ou seria um contrário: encontro da degustação esquizolingüística com a rosquinha-do-sêo-gualda?): o ânus, o anel para a todos dominar; tudo já foi dito, alguém disse – com incerto sorriso de Cheshire no ar.

“Um pouco de impossível, senão sufoco.”

Arquivo do indigesto, coleção de equívocos — ser ia. Ainda se pensava em esclarecer a natureza com ar(bóreocronossomos)-crivos. Agora, desde ontem, se expõe o segredinho sujo do “tapete com memória dos pelos” com duas pinças: uma separa e a outra expõe à luz.

An(d)a-lista-anda — diz o guarda.

Mas, “o que se passou?” O artificial foi tornado sensato; Confiável. Ilusão autônoma, franquia do mistério — olhar (d)o céu: organi(ci)zar a filial.

Matilha que pasta em grupos (“sou o peido!”, rumina fogo-flato para cu-frouxo). Escravos do fogo com “bom humor”. Ao menos o que dá azia de mais.

...e, ri-se (som de rizos)

Intensificam-se as fossilissensações de temporalidades pelo delírio montado sob medida. Viagem da superação: hagiografia — ou romance. Que(m), meu destino? Hadestinado! Território sem natureza, mistério sem epifania (Pois seria loucura...)

A-destinar-se: não é como perder lenço ou documento – pois, para limpar o esquecimento, tu deves colecionar lembranças de teus equívocos, deve limpar sua consciência com seu trapo de focinho, sua identidade será verde-muco, aqui só se entende “o” que se escreve, portanto, em-guarde! Mas, funciona? Só se eu quiser saber, depois.

Geologia da queda – ou, quanto um corpo pensa que pode? Pode pe(n)sar quanto saber? “ - Quanto? - Pode embrulhar.” Vai pra casa e come, come, come... package-men rumo ao umbigo do limbo, você recebeu a encomenda?! Não, fui ao analista!? Ah, sim, ninguém estava em casa depois de se exilar do tédio... Compreende-se, acontece. Duas da rosa e uma azul, para combinar com as meias e cuecas da mala. Caso piore, três pretas para não destoar do suspensório. E, em último caso, se quiser viajar, contrate um carregador para levar as camisas na hipótese e a mala na razão para não afetar sua coluna — que é sólida, mas pode ser abalada e deixá-lo em crise.

Livrai-me de mim, querido diário!!! Ah-deus-corpo. Notícias da saúde do porco: Digest reader’s digest. Como não serve para nada. Sobre livros de filosofia: popsssibilidade neo-pós-nuca (vide, boc@rrota). Mas... qual é mesmo a moral da fábula? – Tudo já foi dito. Pai, rogai pornôs, pois mamãe é uma mala frígida, desculpe por contar.

“Estou farto de semideuses” disse alguém que não se importa para o corpo.

Enquanto isso, na sala de justiça, voluntários do hoje proclamam a suspensão voluntária da descrença enquanto se masturbam. “Se preferirá querer ao nada que em nada querer – pois o deserto é um lugar calmo”; “Clark, que quente! Mas, se você for para lá, não te acha nem o super-homem”.

Dos usos da decadência. E foi dito: vaidade em carne dada chamada gente – não se olhe com os dentes. “Ei, você! Vou te dar nome. Para mim, será... ousadia covarde, o anjo barroco porca-mente estetizado com pau pequeno e cara de peter-o-pão. In nomini, introibo ad altare…”

Amesquinha(mo)mento. Procissão dos ovos: cada qual à sua maneira, mas em frente, sempre, altivos, rolando o amanhã para a frente (mas a de trás). Imagem de imagem sem imagens (simples: não precisar ser representável, mas um há, talvez natural, pois não se precisa saber tudo) — eletrosfereodrama de ponta macia rolla-on da banda inssurreição-refém em videoclips para agenda personalizada.

Rufossos, gaguejante, olha um ruído, como não se houve e sente: murmurrio, ruído sem filtro, lixeratura, litteratoa, litterosfera, redetritosfera, mecanosfora. What’s there!? How, there?! Are we there yet?

(IA!!! IA!!! IA!!! responde o burrico bigodudo)

domingo, 23 de março de 2008

Genealogias amorais: de onde nasceram aquelas figuras que você nunca conseguiu conceber de onde vieram

Yoko Ono childhood: getting back to the genesis in the jungle?

Foi divulgado nesta sexta-feira, pela agência de no-tícias Weird-o Express, que Yoko Ono seria filha de uma relação sexual não consensual entre um chimpanzé e Maria Bethânia, durante uma turnê (não se sabe de qual das partes) na década de 60.

Não se sabe, até o presente, em quais circunstâncias se deu o "(y)okorrido", mas é de conhecimento público que tal ato hediondo contra a humanidade e o mundo das artes acarretou a bocilização de John Lennon e o fim dos "Beastles".

Ao ser procurada em sua residência pelo Gonzo Zine para comentar essa possível genealogia familiar, Yoko se contentou (enquanto comia calmamente uma banana) em dizer um displicente "get back to where you once belong" a nossa equipe de reportagem.

Compare você mesmo: